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Nota da ANPUH sobre a destorcida ‘reportagem’ de O GLOBO sobre os Black Blocs

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No ultimo domingo O Globo publicou uma reportagem grosseira sobre o [̲̅B̲̅l̲̅α̲̅c̲̅k̲̅ ̲̅B̲̅l̲̅σ̲̅c̲̅k̲̅ ̲̅B̲̅я̲̅α̲̅ร̲̅i̲̅l̲̅], , um fenômeno anarquista que emergiu nas manifestações pelo Brasil afora.

O texto assinado por Sérgio Ramalho – assim como outros publicados pela mídia tupiniquim – é uma tentativa mal elaborada de simplificar uma forma de protesto bastante complexa.

Antes de aparecerem por aqui, os Black Blocs já vinham atuando há muito no Canadá, Estados Unidos e na Europa Ocidental.

A notoriedade veio após a célebre “Batalha de Seattle”, em 1999, quando milhares rebelaram-se contra as negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) e alguns de seus membros atacaram propriedades de multinacionais como Nike, McDonald’s, GAP, entre outras.

A hostilidade contra grandes corporações resgatou uma tradição que marcou os protestos antinucleares do ocidente como, por exemplo, o bloqueio e depredação de linhas ferroviárias com o objetivo de dificultar a implantação de usinas e transporte de material radioativo, tal qual ocorreu em Wyhl, na República Federal da Alemanha, nos anos 1970.

O coletivo assenta raízes na esquerda europeia, é assumidamente anarquista e irrompeu em várias partes do mundo, assumindo posições de destaque nos protestos antiglobalização da última década em Londres, Copenhagen, Nova York, Berlim, Atenas, Cidade do México, entre outras.

A repressão desproporcional dos governos ocidentais forçou seus componentes a adotarem táticas cada vez mais agressivas. Ao contrário do que diz o texto do Globo, a confrontação não é adotada como medida de protesto gratuitamente. Antes, é uma força reativa que responde às manobras violentas e criminosas das forças policiais, estas sim provocativas e intimidadoras.

Por aqui os jornalões brasileiros insistem em pintar os anarquistas de preto como figuras violentas, perigosas e desinformadas. Diz o Globo que “por trás das máscaras, capuzes e roupas pretas, uma miscelânea de referências, muitas delas contraditórias, ditam o comportamento do grupo (…)”.

Esquece o jornalista que a indumentária negra é parte de uma tática de guerrilha urbana, na medida em que causa evidente impacto psicológico nas forças repressoras do Estado, além de assegurar o anonimato e evitar consequentes retaliações. Segundo, como grupo heterogêneo e descentralizado, não era mesmo de se esperar que seus membros apresentassem um comportamento uniforme.

Em comum apenas a desobediência civil e a recusa ao pacifismo como tática de ação. É bom manter em mente que nas recentes manifestações no Brasil, marcadas pela violência e arbitrariedade das autoridades, muitas vezes eles são os únicos entre a massa de manifestantes e a cavalaria pesada.

Reportagem do Globo: http://oglobo.globo.com/pais/black-blocs-violencia-como-tatica-referencias-confusas-9027822

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Parabéns a Associação Nacional de Historiadores (ANPUH) pela nota, muito bem vinda, de repúdio à insensata estupidez da grande mídia brasileira que ainda se acha capaz de criar os vilões e os mocinhos da nossa história. Não Passarão!

Favor não confundir a reação do oprimido com a violência do opressor.

Obrigada, ANPUH!

Prêmio Manoel Luís Salgado Guimarães

Bela notícia!

“Em decisão unânime dos membros da atual diretoria resolveu-se nomear o prêmio Teses da ANPUH de prêmio Manoel Luís Salgado Guimarães, em homenagem ao nosso saudoso e querido colega recentemente falecido. Como todos sabem o professor Manoel Salgado foi o idealizador do prêmio, instituído em sua gestão à frente da entidade, no biênio 2007-2009. O professor Manoel Salgado foi também um destacado estudioso na área da historiografia brasileira, tendo dado uma importante contribuição para a afirmação das áreas de teoria da história e historiografia brasileira como campos de pesquisa legítimos e relevantes para os profissionais de História. Estes, dentre tantos outros motivos, desde acadêmicos, políticos, como afetivos justificam a homenagem que a ANPUH presta ao professor Manoel Salgado, dando seu nome a um prêmio que será distribuído a cada nova gestão de nossa entidade, esperando que assim sua memória, seu exemplo de vida acadêmica e pessoal continue sendo lembrada e servindo de referência para os profissionais da área.”

*a informação foi divulgada no informe eletrônico da Anpuh nº7.

Justíssima homenagem a um homem que dedicou tão intensamente sua vida ao estudo da história.  Gosto de lembrar do Prof. Manoel Salgado em forma dentro de sala de aula, lugar onde ele se sentia completamente à vontade.

Ontem lembrei de uma ocasião em que ele nos falava do que Freud pensava sobre o luto e a melancolia, o luto é uma atitude positiva, uma forma de sentir a ausência que segundo Freud é traço constituitivo da humanidade do homem. A melancolia é negativa. Bem, não vou continuar!. Só queria registrar como é merecida a homenagem.