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Meta-postagem, ou por que não confiar cegamente no Google?

Hoje percebi que, ao menos em minha máquina (isto é, com meu IP e minhas configurações pessoais de navegador), ao pesquisar no Google o termo “Leopold von Ranke” o link para o meu post Século XIX: História como disciplina (que fala sobre Ranke) aparece em 3º lugar entre os resultados da busca, antecedido apenas pela Wikipedia em português e por aquela em inglês. O post foi criado em junho de 2008, segundo mês de vida deste blog:

Imagem

Google: Leopold von Ranke

Diante disto, decidi fazer uma advertência aos leitores do post, concedendo-me a auto-licença de adicionar o seguinte UPDATE ao final do texto:

Curiosamente, quase cinco anos após a criação deste blog, este post tem sido um dos mais visitados e mais comentado. E o é embora não seja um texto com linguagem web friendly e, nem mesmo, trate do principal tema deste blog: Digital History / Storiografia Digitale. Até ontem (06.04.13), o termo de pesquisa “Leopold von Ranke” trouxe 913 pessoas a este blog. Apenas “Ranke”, 598. No total, este post recebeu neste período, 14.445 visualizações, sendo o mais visitado e comentado do blog, que conta com 109 postagens. Eu não sou uma especialista em Ranke e estou longe de ser uma autoridade em debates sobre historiografia alemã, gostaria que os leitores tomassem consciência disso. Sobretudo, pois notei através dos comentários recebidos, que alguns leitores talvez sejam, como eu à época, estudantes de graduação. Alguns buscando via Google respostas para as suas perguntas, possivelmente para suas provas e avaliações. É importante dizer que o texto, que assino com o colega Miguel Carvalho Rêgo, na verdade, foi produzido para uma avaliação da disciplina “Metodologia da História II”, ministrada pelo saudoso Prof. Dr. Manoel Luiz Salgado Guimarães, em 2007, na UFRJ (IFCS). Este professor, inquestionavelmente responsável pela minha escolha por este caminho da História, nos deixou precocemente, mas deixou também muita inspiração. O pensamento de Manoel (que amava ser professor), por si só, me lembra a feliz escolha de curso que fiz. Foi, provavelmente no curso (tópico especial) de “História, Memória e Patrimônio” que foi despertado em mim o desejo de estudar mais teoria, metodologia e me fez seguir, como tem sido até hoje, seduzida pelo tema até o mestrado. Reler o texto revela outra Anita (e provavelmente outro Miguel), revela a passagem inexorável do tempo e a imaturidade das ideias de uma menina de 21 anos, recém-chegada ao Rio de Janeiro para descobrir o que não era História. Obrigada, sempre, prof. Manoel Salgado.

De certo, este é um belo exemplo de como podemos ver o mundo através dos olhos do Google. É possível que algumas pessoas nestas milhares de visualizações tenham utilizado o tal texto para algum fim, parcial ou integralmente (torço pelo não plágio!). Nunca saberei o que esta leitura desencadeou em suas cabeças, nem se o texto foi lido até o final. Espero que não tenha sido tomado ao pé da letra como verdade. Porém, no fim das contas, não poderei saber nunca se, de fato, ele foi contextualizado como um artigo raso, bem questionável, escrito por não especialistas sobre a “história como disciplina”. Obviamente, a autoridade que o Google nos concede, (não deixa de ser um tipo de autoridade), este poder de voz, assusta. Isto me faz repensar a responsabilidade que temos com as informações que colocamos em circulação. Do ponto de vista da História, o quão complexo é o problema da classificação das informações dispersas na rede, não qualificadas, hierarquizadas ou vinculadas a instituições que confiram alguma “confiabilidade” a elas.

Gostaria que o meu post (que na verdade é um texto escrito a quatro mãos) não virasse uma espécie de cola-burra para estudantes de graduação, nem parecesse o resultado de uma grande investigação científica, nem fosse tomado como o mais correto blablablá, etc. Apenas o deixo na rede por considerar que ele faz parte da história deste blog e que, se lido criticamente, possa ser uma unidade a mais de divulgação científica no ciberespaço.