Por Drummond

BrianDettmer-do-it-your-self

Ah, não se mate! Te faço um convite triste, tenho perguntas em forma de cavalo-marinho. Chama pela memória. Será tão duro assim amar? Lembra daquela tarde de maio? Do Rapto? Depois o convívio, a permanência… até que a máquina do mundo pusesse o quarto em desordem e nos mudasse de domicílio.

Aguardo um retorno. Escrevo uma carta. Subo e desço a escada impaciente, esperando outra viagem de três dias, a consideração do poema, que sempre pode ser mais de uma. E carrego comigo nosso tempo, ansiando a passagem do ano. Mais um episódio dessa história de dois amores, sem uma nova canção do exílio. Me lembro d’O elefante, lembra? E enquanto isso mando notícias e vou vivendo os últimos dias como posso. Haverá, em breve, aurora (como é maravilhoso o amor). Dançai, meus irmãos! Dançai!

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História de dois amores, Drummond, p.38 / Ilustração: Ziraldo

[fim]

*Um passeio hipertextual por poemas de “Brejos das Almas” (1934), “Claro Enigma” (1951), “Fazendeiro do Ar” (1951), “A Rosa do Povo” (1945), “Novos Poemas” (1948) e “História de dois amores” (1985).

31 de outubro, DiaD, em comemoração ao nascimento do poeta,

Anita Lucchesi

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